Hoje tenho o prazer de apresentar a minha primeira entrevista com uma autora, a majestosa Nicole Sigaud, escritora do livro O Papiro de Wadjet, que lançou-o em março último no Palacete dos Leões.
Dione M.S.Rosa: Quando você começou a sua carreira literária? Qual o seu primeiro
livro? Conte-nos
a respeito.
Nicole
Sigaud:
Comecei tardiamente, porque antes eu era ilustradora de capas de livros e não
acreditava que tivesse “jeito” para escrever. Criava algumas coisas sem muita
convicção, e engavetava tudo, até que eu me apaixonei pela história do deus
Anúbis e escrevi um livro quase vinte anos depois, com edição de autor, em
2007.
Dione
M.S.Rosa:
Você acaba de lançar o livro O Papiro de
Wadjet pela Editora DTX. É uma novela de ficção? Percebe-se que o livro
está repleto de lendas e há muitas referência aos deuses e à mitologia de
vários lugares. Como foram as suas pesquisas em relação ao papiro e quanto
tempo levou para concluir o livro? Ele realmente existe?
Nicole
Sigaud:
As pesquisas foram muitas, sim, a maior parte de coisas que eu já havia lido,
mas com o uso da internet isso ficou muito mais fácil para mim; antes era por
enciclopédias ou dias me perdendo nos labirintos de bibliotecas, em especial da
UnB. O livro nessa versão de 2017- 2018 demorou cerca de 27 anos para ser
escrito, entre hiatos imensos de engavetamento do livro. Se o Papiro de Wadjet existe? Posso dizer que
sim, e que está numa coleção particular, bem escondido. Colhendo várias
referências de litanias para os mortos, em vários papiros, dá para se ter uma
ideia da origem do que veio a se chamar Anúbis para os gregos. O livro que eu
escrevi é uma idealização desse papiro original, de Wadjet, com toques
romanceados. Além dessas referências, muitas lendas de origem extremamente
antiga foram pesquisadas, como a dos lobisomens e vampiros. Todas elas tiveram
uma origem estranhamente comum. A presença principal, creio eu, seja dos
Nephilim, que acredito serem os verdadeiros deuses, comparando mitologias e
religiões de vários povos de diferentes origens. Uma das fontes de pesquisa foi
um livro chamado O 12º Planeta, de Zecharia Sitchin, e tabuletas sumérias de
diversos museus.
Dione
M. S. Rosa:
Poderia destacar algum trecho em especial do livro?
Nicole
Sigaud:
Por questões muito particulares, a parte que mais me emocionou para escrever
foi a da rejeição por parte do humano a quem o lobinho via como pai. Isso um
terapeuta explica, claro! A gravidez me deu trabalho para descrever, porque
queria transmitir algo que fosse verdadeiramente repugnante e, ao mesmo tempo,
que fosse lento e agridoce. Acho que consegui.
Dione M.S.Rosa: Você lançou O Papiro de Wadjet em Portugal, não foi?
Conte-nos um pouco dessa experiência.
Nicole
Sigaud: Entrei
em contato com a Editora Chiado e enviei os originais do livro, recebendo
resposta positiva em dez dias. Essa editora eu encontrei num sítio de buscas e,
como não tinha a menor ideia de referência de alguma editora portuguesa,
escolhi a esmo, arriscando. Quanto ao lançamento em Lisboa, que seria dia 11 de
abril, deu tudo errado com reserva de hotel em Lisboa (eu estava em Coimbra no
dia anterior), resultando em cancelamento de cartão de crédito e uma boa dose
de dor-de-cabeça. Sabe aquele tipo de erro de sistemas que aparecem uma vez por
milhão? Fui premiada (risos), e tive que cancelar a noite de autógrafos na
última hora. Frustrante, mas acredito piamente que tudo tem uma razão de
acontecer, e quando dá muito errado um preparativo qualquer, para mim é um
sinal para que a coisa não aconteça. Verei se num futuro próximo há a
possibilidade de se fazer um lançamento em Portugal, mas não tenho pressa para
isso.
Dione
M.S.Rosa:
Como estão os novos projetos em literatura?
Nicole
Sigaud:
Tenho um livro iniciado, num estilo totalmente diferente do An-Pu, com nome
temporário de Inclusão Social. Há
outros contos engavetados que pretendo reabilitar e, se possível, fazer um
livro ou entrar em coletâneas.
Dione
M.S.Rosa:
Que sugestão daria aos novos escritores ou àqueles que desejam iniciar o
projeto de escrever um livro?
Nicole
Sigaud:
Antes de mais nada, Não ouçam, não deem ouvidos a quem disser que não têm
talento, que deveriam parar de escrever ou coisas deletérias do tipo. Eu sofri
esse tipo de assédio moral e foi por isso que o meu primeiro livro levou quase
uma geração inteira para ser publicado. A falta de autoestima num escritor é
mortal. A segunda coisa em que posso pensar é: gostem da sua língua, acariciem
a gramática e a ortografia como coisas preciosas, porque são as ferramentas do
ofício. Não adianta ter a ideia e a inspiração, e pecar em transmiti-las
fracamente ao leitor.
Dione
M.S.Rosa:
Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um
pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Nicole
Sigaud:
O meu livro pode ser adquirido pelo correio, bastando mandar um email para mim
com os dados de envio e um comprovante de depósito de R$ 36,00 mais o frete, de
R$ 9,50 para envio normal e R$ 72,52 para SEDEX.
Dione
M.S.Rosa:
Quais os seus contatos para que os leitores adquiram o exemplar?
Nicole
Sigaud:
Meu email é nicole@sigaud.com.br, que
é o contato mais confiável para mim.
Perguntas:
Um livro: Criação,
de Gore Vidal
Um (a) autor (a): Marguerite Yourcenar
Um filme: Duna
Um sonho: Como desejo, ver o An-Pu em filme;
como matéria onírica, um subsolo estranho que ainda preciso investigar melhor,
porque me deu medo e não sei o motivo.
Dione
M.S.Rosa:
Deseja encerrar com mais algum comentário?
Nicole
Sigaud:
Gostaria muito de receber retorno dos leitores, para que eu aprimore a minha
arte. Afinal, não existe escritor sem leitores!
Dione Mara, meus parabéns pela análise ao livro de Nicole Sigaud, pela divulgação da obra e, igualmente, pela excelente entrevista com a escritora que é nossa colega na Academia de Letras José de Alencar. Abraços e beijos a ambas.
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